Olá.

Tenho me sentido muito bem. Entretanto, o lado de dentro é um mistério. Visualmente o meu intestino estava em um estado muito ruim. Estou com medo! Estou preparado! Meu objetivo é aquele: tenho que levar meu corpo ao limite do esforço na prova do ironman. Vou estar lá. Mais dia menos dia vou estar lá.
Ocorre que após um pouco mais de 8 meses de cirurgia, quero realmente estar em condições de reverter. Sabe, nesse processo tenho sentindo a água da piscina fluindo pelo meu corpo nos treinamentos, o doce descanso de uma descida no pedal ou na corrida. Até mesmo aquela sensação de cansaço após alguns tiros provocam a produção de endorfina no meu sangue e sinto uma incrível necessidade de voltar à atividade física. É impressionante a minha vontade. Sinto como se estivesse preso dentro do meu corpo. Em certos momentos perco a noção de tempo e espaço e fico sonhando com as possibilidades que um corpo saudável poderá me dar. Começo sempre pensando na família e nas chances que terei em passear sem preocupação com o que comer e se existe um bom hospital por perto. Quero viajar e enfrentar os outros problemas da vida com um sorriso no rosto. Quero, após 19 anos sentindo dores todos os dias, olha através da cortina e ver a beleza da vida. Beleza que sempre esteve aqui mas nunca pude realmente senti-la em razão do Crohn. Foi muita energia desperdiçada com bobagens. Irei viver de uma forma que nem lembro mais que seria possível. E é por essa visão que tudo verdadeiramente se tornou, isso mesmo, possível.
Eleva-te no azul! Corta-o, serena e forte...
Rasga o seio à amplidão! Embriaga-te no arrojo
do vôo triunfal! Deixa que estruja o Norte,
que o mar rebente em fúria e levante do bojo
as potências revéis e as ciladas da morte!
Atira-te no espaço!
E, se um dia, singrando os céus, vieres de rôjo,
rôtas as asas de aço,
ferido o coração, a alma descrente,
não te abata o cansaço,
do oceano, atro e fatal, não te sorva a torrente...
Grita, forceja, anseia e combate impoluta!
Morre a lutar!
Morre na luta!
Mas, antes de morrer, tenta ainda voar!
Rasga o seio à amplidão! Embriaga-te no arrojo
do vôo triunfal! Deixa que estruja o Norte,
que o mar rebente em fúria e levante do bojo
as potências revéis e as ciladas da morte!
Atira-te no espaço!
E, se um dia, singrando os céus, vieres de rôjo,
rôtas as asas de aço,
ferido o coração, a alma descrente,
não te abata o cansaço,
do oceano, atro e fatal, não te sorva a torrente...
Grita, forceja, anseia e combate impoluta!
Morre a lutar!
Morre na luta!
Mas, antes de morrer, tenta ainda voar!
Plínio Salgado
(Transcrito da pág. 5 do "Poemario da Vida Heróica" – Rio de Janeiro – Livraria Clássica Brasileira – 1955 – 39 págs. Coleção "Águia Branca".)
Nenhum comentário:
Postar um comentário